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sábado, 15 de outubro de 2011

CARTA À IGREJA DE TIATIRA


1. A maior das cartas é dirigida a menos importante das sete cidades. Tiatira não era nenhum centro político ou religioso. Sua importância era comercial. Ficava no caminho por onde viajava o correio imperial. Por este caminho se transportava todo o intercâmbio comercial entre Europa e Ásia.

2. Tiatira era sede de vários grêmios de comércio importantes (lã, couro, linho, bronze, tintureiros, alfaiates, vendedores de púrpura). Uma dessas corporações vendiam vestimentas de púrpura e é provável que Lídia era uma representavante dessa corporação em Filipos (At 16:14). Estes grêmios tinham fins tanto de mútua proteção e benefício como de tipo social e recreativo.

3. Seria quase impossível ser comerciante em Tiatira sem fazer parte desses grêmios. Não participar era uma espécie de suicídio comercial. Era perder as esperanças de prosperidade.

4. Cada grêmio tinha sua divindade titular. Nessas reuniões havia banquetes com comida sacrificada aos ídolos e acabavam depois em festas cheias de licenciosidade.

5. O que os cristãos deviam fazer nessas circunstâncias: transigir ou progredir? Manter a consciência pura ou entrar no esquema para não perder dinheiro? Ser santo ou ser esperto? Qual é a posição do cristão: se sai do grêmio perde sua posição, reputação e lucro financeiro. Se permanece nessas festas nega a Jesus. Nessa situação Jezabel fingiu saber a solução. Disse ela: para vencer a Satanás é preciso conhecer as cousas profundas de Satanás. Não se pode vencer o pecado sem conhecer profundamente o pecado pela experiência.

6. É dentro dessa cultura que está a igreja de Tiatira. Era uma igreja forte, crescente. Aos olhos de qualquer observador parecia ser uma igreja vibrante, amorosa, cheia de muitas pessoas. Vamos observar como Jesus vê essa igreja:

I.UMA IGREJA DINÂMICA, SOB A APRECIAÇÃO DE JESUS – V. 18-19

1. Jesus se apresenta como aquele que conhece profundamente a igreja – v. 18,23

• Ele não apenas está no meio dos candeeiros (1:16). Ele também anda no meio dos candeeiros (2:1). Ele conhece as obras da igreja (2:19), as tribulações da igreja (2:9), bem como, o lugar em que a igreja está (2:13).
• Seus olhos são como chama de fogo (2:18). Ele vê tudo, conhece tudo e sonda a todos. Nada escapa ao seu conhecimento. Ele conhece as obras (2:19) e também as intenções (2:23).
• Cristo se apresenta assim, porque muitas práticas vis estavam sendo toleradas secretamente dentro da igreja. Mas ninguém pode esconder-se do olhar penetrante e onisciente de Jesus. Pedro não pôde apagar da sua memória o olhar penetrante de Jesus. Ele esquadrinha o coração e os pensamentos. No dia do juízo ele vai julgar o segredo do coração dos homens.

2. Jesus se apresenta como aquele que distingue dentro da igreja as pessoas fiéis e as infiéis – v. 24

• Numa mesma comunidade havia três grupos: os que eram fiéis (2:24), os que estavam tolerando o pecado (2:20) e os que estavam vivendo no pecado (2:20-22).
• A igreja está bem, está em perigo e está mal. E Jesus sabe distinguir uns dos outros. Numa mesma igreja há gente salva e gente perdida. Há joio e trigo.

3. Jesus se apresenta como aquele que reconhece e elogia as marcas positivas da igreja – v. 19

a) A igreja era operosa – Havia trabalho, labor, agenda cheia.
b) A igreja era marcada por amor – A igreja possuía a maior das virtudes, o amor. O que faltava em Éfeso havia em Tiatira.
c) A igreja era marcada por fé – Confiança em Deus.
d) A igreja era marcada pela perseverança ou paciência triunfadora – A igreja passava pelas provas com firmeza.
e) A igreja estava em franco progresso espiritual – As últimas obras da igreja eram mais numerosas que as primeiras. Essas marcas eram do remanescente fiel e não da totalidade dos membros.

II. UMA IGREJA TOLERANTE AO PECADO SOB A REPROVAÇÃO DE JESUS – V. 20

1. Antes de Jesus reprovar a falsa profetisa, Jesus reprova a igreja – v. 20
• Tiatira estava crescendo (2:19), por isso, Satanás procura corromper o seu interior, em vez de atacá-la de fora para dentro.
• Jesus reprova a igreja por ser tolerante com o falso ensino e com a falsa moralidade. Enquanto Éfeso não podia suportar os homens maus e os falsos ensinos, Tiatira tolerava uma falsa profetisa, chamada Jezabel.
• Essa falsa profetisa estava exercendo uma influência tão nefasta na igreja como Jezabel tinha exercido em Israel. O nome Jezabel significa puro, mas sua vida e conduta negavam o seu nome. Foi Jezabel quem introduziu em Israel o culto pagão a baal e misturou religião com prostituição. Ela não só perseguiu os profetas de Deus, mas também promoveu o paganismo.
• A segunda Jezabel estava induzindo os servos de Deus ao pecado. Pregava que os pecados da carne podiam ser livremente tolerados. A liberdade que ela pregava era uma verdadeira escravidão.
• A tolerância da igreja com o falso ensino provoca a ira de Jesus. A igreja abriu as portas para essa mulher. Ela subia ao púlpito da igreja. Ela exercia a docência na igreja. Ela induzia os crentes ao pecado. A igreja não tinha pulso para desmascará-la e enfrentá-la.
• Naquele bonito campo permite-se que uma planta venenosa viceje. Naquele corpo saudável um câncer maligno começou a formar-se. Um inimigo está encontrando guarida no meio da comunidade. Havia transigência moral dentro da igreja. Aqui não é o lobo que veio de fora, mas o lobo que estava enrustido dentro da igreja.

2. Jesus demonstra o seu zelo pela igreja e denuncia a falsa doutrina e a falsa moralidade – v. 20
a) A falsa doutrina – Jezabel estava ensinando a igreja que a maneira de vencer o pecado era conhecer as cousas profundas de Satanás (2:23). Ela ensinava que os crentes não podiam cometer suicídio comercial, eles deviam participar dos banquetes dos grêmios e comer carne sacrificadas aos ídolos bem como das festas imorais. Ela ensinava que os crentes deviam defender seus interesses materiais a todo custo. Prejuízo financeiro para ela era mais perigoso que o pecado. Amava mais o dinheiro que a Jesus. Mais as exigências materiais que as exigências de Deus. O ensino dela era que não há mérito em vencer um pecado sem antes experimentá-lo. O argumento dela é que para vencer a Satanás é preciso conhecê-lo e que o pecado jamais será vencido a menos que você tenha conhecido tudo por meio da experiência. Mas a Bíblia diz que não podemos viver no pecado, nós o que para ele já morremos. Paulo diz, “na malícia... sede crianças (1 Co 14:20) e “que devemos ser símplices para o mal” (Rm 16:19).
b) A falsa moral – A proposta de Jezabel era oferecer uma nova versão do Cristianismo, um Cristianismo liberal, sem regras, sem proibições, sem legalismos. Ela queria modificar o Cristianismo para se adaptar à moralidade do mundo. Ele ensina uma prática ecumênica com o paganismo. Exemplo: minha visita ao Seminário de Princeton.

III. UMA IGREJA CONFRONTADA POR JESUS, TENDO A OPORTUNIDADE DE ARREPENDER-SE –V. 21

1. Antes de Jesus tratar a igreja com juízo, a confronta em misericórdia – v. 21
• Deus é paciente. Ele é longânimo. Ele não tem prazer na morte do ímpio. Ele não quer que nenhum se perca. Ele chama ao arrependimento. Ele dá tempo para que o pecador se arrependa. Cada dia é um tempo de graça, é uma oportunidade de se voltar para Deus. As portas da graça estão abertas. Os braços do perdão estão estendidos. Como fez com Jerusalém, ele faz com aquele os faltosos da igreja: “Jerusalém, Jerusalém, quantas vezes quis eu ajuntar os seus filhotes como a galinha ajunta os seus filhotes e vós não o quisestes” (Mt 23:37). Doutra feita Jesus disse: “Contudo não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo 5:40).

2. Antes de Jesus tratar a igreja com juízo, a confronta com a disciplina – v. 22
• A disciplina é um ato de amor. Jesus traz o sofrimento. Ele transfomou o leito do adultério em leito do sofrimento. Ele transformou o prazer do pecado em chicote de disciplina. Ele está usando todos os recursos para levar o faltoso ao arrependimento.

3. A falta de arrpendimento implica necessariamente na aplicação inexorável do juízo – v. 19,22,23
• Jezabel não quis se arrepender. Ela desprezou o tempo da sua oportunidade. Ela fechou a porta da graça com as suas próprias mãos. Ela calcou aos pés o sangue purificador de Cristo. Ela zombou da paciência de Cordeiro.
• Agora ela e seus seguidores são castigados com a doença, com grande tribulação e com a morte (2:22-23). O salário do pecado é a morte. O pecado é doce ao paladar, mas amargo no estômago. O pecado é uma fraude, oferece prazer e traz desgosto. Satanás é um estelionatário, promete vida e paga com a morte.
• O juízo contra o pecado será final e completo no dia do juízo. Jesus não apenas tem olhos como de fogo (2:19). Ele não apenas sonda mente e corações (2:23), mas também tem os pés semelhantes ao bronze polido, prontos a esmagar os seus inimigos (2:19). No dia do juízo Cristo colocará todos os seus inimigos debaixo dos seus pés. Naquele dia o Cordeiro estará irado (6:17).

IV. UMA IGREJA ENCORAJADA A SER FIEL ATÉ O FIM APESAR DA APOSTASIA DE OUTROS – V. 24-25

1. É possível manter-se firme na doutrina mesmo quando outros se desviam – v. 24
• Alguns membros da igreja não apenas tinham tolerado o ensino e as práticas imorais de Jezabel, mas também estavam seguindo os seus ensinos para a sua própria destruição.
• Porém, havia na igreja, um remanescente fiel (v. 24). Pessoas que permaneceram firmes, mantendo a sã doutrina, agarradas na verdade. Cristo diz que esses de fato são livres. O jugo de Cristo é suave e leve. Os mandamentos de Deus não são penosos. Não são fardos. Ser crente é ser verdadeiramente livre.

2. É possível manter-se puro na conduta mesmo quando outros se corrompem – v. 24
• Alguns crentes de Tiatira tinham-se curvado aos ensinos pervertidos de Jezabel e iam aos templos pagãos para comer carne sacrificadas aos ídolos. Também participavam das festas cheias de licenciosidade. Buscavam conhecer as cousas profundas de Satanás. E assim se corromperam moralmente.
• Porém, havia nessa mesma igreja, irmãos que buscavam a santificação. A santidade de vida e de caráter é uma marca da igreja verdadeira. A santidade não é apenas a vontade de Deus, mas seu propósito. Deus nos escolheu para sermos santos. Só os puros de coração verão a Deus. Sem santificação ninguém verá o Senhor. Eles se apartavam do mal e viviam em novidade de vida.
• Se o propósito de Deus é nossa santidade, o propósito de Satanás é frustrar tal propósito. Ele está sempre procurando induzir os crentes a pecar. Ele vai usar o anticristo para esmagar a igreja pela força. Ele vai usar o falso profeta para perverteu o testemunho da igreja pela mal. Mas se não lograr êxito, ele vai seduzir a igreja através da grande Babilônia, esse sedutor sistema do mundo. Se o diabo não pode destruir a igreja por meio da perseguição ou heresia, tentará corrompê-la com o pecado.

3. É preciso entender que já temos tudo em Cristo para uma vida plena – v. 25
• Um dos grandes enganos de Satanás é induzir os crentes a pensar que precisam buscar novidades para terem uma experiência mais profunda com Deus.
• A verdade de Deus é suficiente. Não precisamos de mais nada. Tudo está feito. O banquete da salvação foi preparado. O que precisamos não é de novidades, de buscar fora das Escrituras coisas novas, mas tomar posse da vida eterna, conhecer o que Deus já nos deu, nos apropriarmos das insondáveis riquezas de Cristo.
• A provisão de Deus para nós é suficiente para uma vida plena até a volta de Jesus (2:25). Precisamos permanecer firmes e fiéis, conservando essa herança até o fim.

V. UMA IGREJA RECOMPENSADA PELA SUA VITÓRIA AO PERMANECER FIEL AO SEU SENHOR ATÉ O FIM – V. 26-29

1. O vencedor é o que guarda até o fim as obras de Jesus – v. 26

• Perseverança é a marca dos santos. Aqueles que se desviam e perecem no pecado são como Judas, filhos da perdição, nunca nasceram de novo.

2. O vencedor vai julgar os ímpios e reinar com Cristo – v. 26-27

• A falsa profetisa estava pregando que os crentes que não entrassem nos grêmios comerciais e não participassem das suas cerimônias pagãs perdiam o prestígio e cometiam um suicídio econômico e estavam fadados à falência.
• Mas Cristo ensina que não adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma. Aqueles que não vendem a sua consciência e não trocam Deus pelo dinheiro, vão ser honrados, vão assentar no trono, e vão julgar os ímpios. Os santos julgarão o mundo (1 Co 6:2). Aqueles que têm dominado suas próprias paixões sobre a terra terão ascendência sobe outros no céu. No dia do juízo os perversos serão quebrados como um vaso de barro (Sl 2:8-9).
• Em vez de desprezo, teremos uma posição de honra. Vamos reinar com Cristo. Aqueles que perdem a vida por amor a Cristo, encontram a verdadeira vida, mas aqueles que querem ganhar a vida, perdem-na.

3. O vencedor vai conhecer não as cousas profundas de Satanás, mas as cousas profundas de Cristo – v. 28

• Os salvos receberão a estrela da manhã. Não apenas eles receberão corpos gloriosos que vão brilhar como as estrelas no firmamento, mas também, vão conhecer a Cristo, a estrela da manhã (Ap 22:16), na sua plenitude. Os salvos terão parte não apenas na autoridade de Cristo de governador o mundo, mas também na sua glória. Recusando-se a penetrar nas profundezas de Satanás, eles sondarão as profundezas de Cristo. Voltando suas costas às trevas do pecado, eles verão a luz da glória de Deus na face de Cristo. Os que renunciaram o pecado e as vantagens do mundo, viverão na glória com Cristo em completo e eterno contentamento.
• Cristo é a nossa herança, a nossa riqueza, a nossa recompensa. Vê-lo-emos face a face. Servi-lo-emos eternamente. Ele será nosso prazer e deleite para sempre. Cristo é melhor que os banquetes do mundo. Só ele satisfaz nossa alma.

CONCLUSÃO

• “Quem tem ouvidos, ouça o que Espírito diz às igrejas” (v. 29). Esta carta não foi apenas para Tiatira, é para a igreja dos dias atuais. Que Deus nos dê ouvidos para ouvir o que Deus está nos falando. Amém.

Comentário de Hernandes Dias Lopes


Próximo estudo IGREJA DE SÁRDES



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