Mea culpa! Ao saber do apertado resultado da eleição e ouvir o discurso
da Presidente, cercada do seu “staff passado, presente e futuro”, achei
que o cenário preparado para esta explanação estava mal ajeitado. A
claque, muito agitada e histérica, impedindo que os acordes finais da
voz de Dilma pudessem ser ouvidos, aplaudindo freneticamente o Lula que
lá estava feito papagaio de pirata, lambendo a cria e sonhando com a
transposição do São Francisco, e viajando no Trem Bala que a comadre
Dilma, depois que esteve na Disney, inventou. E lá estava ele, sem saber
pra onde ia, o que fazia e o que sabia.
Dilma devia ter limpado o espaço e ficado sozinha no apelo que fez a
outra metade da população que nela não votou, prometendo coibir a
corrupção; prometendo fazer mudanças que a sociedade clama, para
reformar a política. Enfim, tudo que já prometeu e não fez! Devia dizer
que agora sua governança não estava mais designada ao partido, apenas
para manter o Lula sempre presente, mas, sim, para governar como nunca
fez!
Eu deveria ficar profundamente triste com a vitória da Dilma e a derrota
do Aécio, meu candidato. Eu que nesta página apregoei mudanças, que
achava que deveriam ser feitas. Fui vítima como a maioria dos
brasileiros que pagam impostos. Fui vítima do prestigio involuntário que
dei ao programa eleitoreiro do Bolsa Família, pagando religiosamente os
impostos a mim atribuídos, ousando lhes dizer que podem consultar
minhas declarações de imposto sobre a renda e constatar que tudo o que
possuo está lá declarado; que tudo o que tenho é descontado de mim além
da minha própria renda. E lhes faço uma pergunta: Será que o Presidente
Lula, e muitos outros políticos, e muitos outros eleitores, podem fazer o
mesmo? Vivemos no País do jeitinho, do levar vantagem em tudo. Mas eu
posso! Tudo o que ganhei e ganho está lá declarado como fruto do meu
trabalho. Pago quatro meses de impostos por ano pro Governo se apossar e
fazer assistencialismo às minhas custas. Sou contra a perenização do
Bolsa Família. Deveria ser emergencial, jamais permanente. Ele mata a
fome e escraviza! Usa a ignorância do povo e o prende numa armadilha
desonesta.
Por isso, nem eu nem os que pagam impostos neste país temos o direito de
chorar a derrota do Aécio. Temos que chorar pela nossa inoperância,
pelo descuido de sermos honestos; de patrocinar esta fissura petista de
manter o poder por vinte ou mais anos; da manutenção deste mar de lama
que dia a dia cresce mais; de manter os ignorantes como boi a caminho do
corte.
Hoje não é um dia de luto, é um dia de reflexão. Até que ponto vale a
pena ser honesto? Até que ponto vale a pena ser brasileiro, ter
esperanças?
E, para finalizar, como nas novelas, nossas velhas companheiras, quero
lhes dizer que emoções mais fortes ainda estão por acontecer no capítulo
de amanhã. Uma delas será quando o povo, personagem principal do
folhetim, descobrir que vive a jornada de um imbecil, até o
entendimento.